imago

acendi uma vela de silên
cio para poder escrever-te estas linhas
como não tenho papel es
culpo-as a estilete na memória
hei-de soprar-tas para a tua boca
se as vires por dentro talvez percebas que vivem
não são letra morta nem recibo de portagem
são uma cancela automática com garantia de cinco anos
que se abre e fecha com comando à distância


revol
vi uma vala de silêncio para poder estar aqui intacta
de rede em
riste para caçar borboletas
não é com revól
ver que se apanham
os efémeros instantes de pó que prendo com alfinetes ao peito

guardo os que se partem num atlas pesado
e procuro o lugar do livro na estante tacteando
com a ponta dos dedos e as pétalas dos olhos fechadas
as pétalas páginas do meu corpo dividido

deixas-me
em suspenso numa crisá
lida de fogo