nevralgia i

dói-me o nada
qualquer temperatura
lhe aumenta o volume
o nada de botero
pesado como bronze
monumento a tudo
o que trago no peito
movimento que








nevralgia ii

dói-me o tudo
a linha côncava
onde caem os sedimentos
o tudo de turner
leve como bruma
o tudo que cobre e des
venda

o que trago no peito
o que bebo de um trago
afasia
carro é copo
livro é mesa
chão janela
estrada cinto
pé caneta
quadro vaso
caixa móvel
pedra cão
água cama
e rir é espera
beijo é golpe
maçã é sorte
festa é luto
falar silêncio
calar um murro
gritar um passo
parar caminho
descer cansaço
correr começo
vida é espanto
flor é morte
e cada dia
cada querer
a mesma dor de nascer